Não se constrói um navio de uma só vez. É preciso entender suas estruturas e como elas se encaixam. O mesmo vale para o mercado de trabalho brasileiro: em um país de dimensões continentais, analisar apenas o agregado nacional pode esconder realidades regionais muito distintas. Uma pergunta antiga, mas ainda relevante, nos guia: os Estados brasileiros são igualmente produtivos?
Produtividade do trabalho é um conceito consolidado. A Organização Internacional do Trabalho a define como “a quantidade de produto gerado por unidade de trabalho”. Seguindo a metodologia da OCDE — que mede a produtividade como o PIB real dividido pelo total de horas trabalhadas — estimei a produtividade do trabalho nos Estados brasileiros com dados regionais do IBGE.
Antes da análise, minha expectativa era ver São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná liderando. No entanto, os dados mostraram algo surpreendente: Estados historicamente menos destacados apresentaram os maiores crescimentos. Alagoas, Bahia, Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Piauí que cresceram em uma taxa maior que a do Brasil como um todo.
A média nacional de crescimento foi de 1,59% ao ano, mas muitos desses Estados superaram esse patamar com folga. Isso revela um potencial fora dos grandes centros que merece atenção. Explorar essas oportunidades pode ser estratégico para promover um desenvolvimento mais equilibrado no país.