O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um pacote abrangente de tarifas de importação, visando proteger a indústria americana e reduzir déficits comerciais. O Brasil ficou com uma tarifa de 10% sobre as exportações para os EUA, taxa relativamente moderada se comparada à da China (34%) e da União Europeia (20%).
As exportações brasileiras para os EUA representam aproximadamente 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e pouco mais de 12% das nossas exportações totais. Mesmo assim, o impacto direto da tarifa de 10% sobre a atividade econômica brasileira tende a ser modesto.
Por meio de simulações de equilíbrio geral, é possível constatar que essa medida poderia resultar em uma redução de cerca de 0,02% no PIB. No mercado de trabalho, estima-se uma variação negativa de aproximadamente 0,5% no emprego total da economia no curto prazo.
A longo prazo, espera-se que os setores produtivos se ajustem, encontrando novos mercados e oportunidades para seus produtos. Prova disso é que, apesar dos desafios impostos pelas novas tarifas, determinados segmentos da economia brasileira podem encontrar oportunidades neste novo cenário comercial.
Um deles é o agronegócio, em que produtos como soja, milho e carnes podem ganhar competitividade no mercado internacional. Isso pode acontecer, especialmente, em países como a China, que poderão diversificar seus fornecedores em resposta às tarifas elevadas impostas pelos EUA.
Outro segmento que pode se aproveitar dessa nova conjuntura é o da indústria calçadista. Com tarifas mais altas sobre concorrentes asiáticos, os calçados brasileiros podem se tornar mais atraentes para o mercado dos EUA.
Também pode ser beneficiado no setor de papel e celulose. Diante das restrições impostas a outros países, o Brasil pode aumentar sua participação no mercado internacional de papel e celulose.
Além disso, o segmento de extração de petróleo, gás natural e minerais metálicos nacional poderá aumentar a participação no mercado mundial, em virtude das severas taxas impostas ao resto do mundo pelos Estados Unidos.
Embora as tarifas impostas pelos EUA representem um desafio comercial para o Brasil, especialmente para setores exportadores, o impacto geral sobre o PIB e o emprego tende a ser limitados.
Com certeza, surgem oportunidades para alguns segmentos se beneficiarem das mudanças no cenário comercial global. Nesse sentido, é fundamental que o Brasil adote estratégias que fortaleçam sua posição no comércio internacional, diversificando mercados e buscando acordos que favoreçam as exportações.
No momento, é necessário aguardar para entender qual direção os mercados globais tomarão, com destaque para dois cenários. O primeiro envolve um fechamento mais amplo dos mercados globais.
Nesse caso, sucessivas retaliações comerciais poderiam resultar em um retrocesso no processo de globalização e na redução do comércio internacional. E uma consequente crise econômica global. Já o segundo cenário considera a possibilidade de apenas os Estados Unidos adotarem uma postura mais protecionista.
Essa situação poderia abrir espaço para que países, como o Brasil, desenvolvam novas parcerias e ampliem suas oportunidades comerciais em mercados antes dominados pelos norte-americanos. Ambos os cenários são plausíveis. Por isso, é fundamental acompanhar com atenção os próximos desdobramentos da conjuntura internacional.