Às vésperas de mais uma decisão de taxa de juros, o Banco Central se vê diante de um cenário de incerteza crescente, no qual os desafios vão além do tradicional dilema entre inflação e crescimento econômico. Para avaliar a conjuntura, estimei a Regra de Taylor do próprio Banco Central, buscando uma leitura fundamentada dos dados e das condições de política monetária.
A decisão do Copom exige precisão e realismo, combinando uma interpretação adequada do cenário econômico com uma resposta coerente aos sinais da atividade. A inflação segue resistente em alguns segmentos, especialmente no setor de serviços, que acelerou para 0,78% em janeiro. Além disso, as projeções fornecidas pelo FOCUS apontam para um IPCA de 5,66% em 2025, bem acima da banda superior da meta, de 4,5%, o que reforça a necessidade de cautela na condução da política monetária.
O cenário externo adiciona mais um fator de complexidade. A incerteza quanto ao timing da flexibilização da política monetária pelo Federal Reserve mantém a volatilidade elevada em mercados emergentes, pressionando a taxa de câmbio e aumentando os desafios inflacionários internos.
Opinião: Dado que o mercado já precifica há algum tempo um aumento de 1 ponto percentual e considerando que esta será uma decisão baseada em dados de alta frequência, minha estimativa é de que o Copom eleve a taxa Selic para 14,25% ao ano. No entanto, o ponto central desta reunião será o comunicado que acompanhará a decisão. O tom adotado pelo Banco Central poderá indicar se este movimento será o último do ciclo ou se há espaço para novos ajustes. Essa sinalização será fundamental para calibrar as expectativas dos agentes econômicos e entender o direcionamento da política monetária nos próximos meses.